Olha aí gente, esse texto eu recebi no meio do ano passado, do Dr. Tito, um médico muito legal e competente aqui de Barra Mansa, minha cidade. Ele trabalha com acupuntura, florais, entre outras coisas e escreve muito bem. Ele costumava enviar seus textos, de autoria própria, para o email de seus pacientes e eu sempre apreciei suas palavras. Estava revirando minha caixa de emails e me deparei com esse texto das plantações, que é o que mais gostei até agora. Espero que também gostem.
"O indivíduo já nascera numa casa onde havia uma plantação de abóboras. Desde cedo comia abóbora no café, almoço e jantar. Molho de abóbora; abóbora ensopada; pão de abóbora; sorvete de abóbora; doce de abóbora...
Todo dia, ao acordar, ia até o quintal e tudo que via era abóbora.
Um dia saiu pelo mundo. Viu suas ruas; viu suas vielas e viu também um belo e vermelho tomate; viu fabulosas possibilidades de receitas com tomate.
Ficou encantado pela sua cor; curioso em conhecer o gosto.
Voltou para casa querendo comer tomate.
Era tarde, já noitinha. Deitou-se; sonhou com tomate; com molho de tomate; com tomate pelado; extrato de tomate; purê de tomate; suco de tomate; salada de tomate...
Acordou; correu para o quintal e descobriu algo fabuloso: o quintal estava lotado de: abóbora!
Passou o dia todo pensando no tomate; estudou sobre suas características, usos e métodos de cultura.
Dormiu como um anjo ansioso. Acordou com toda sua teoria e informação sobre o fruto do seu desejo; correu para o quintal e adivinha o que ele encontrou por lá: abóboras...
O tempo passou e ele leu em algum lugar que: “se quisesse ter tomates no seu quintal, teria que plantar”!
Foi então que passou a conhecer os Opositores.
Prestem bem atenção neles.
- Mas como é que é? Terei que me desfazer do seu aboboral?
Salve Dr. Tito!
- Sim.
- E se a minha terra não for boa para tomates?
- E se eu não souber plantar tomate?
- Vai dar um trabalho danado mudar tudo.
- Hoje, pelo menos, tenho minhas abóboras para comer.
Esses opositores já bastam. Brotavam conflitos por todos os lados.
Foi se deitar com todos eles na cabeça. No dia seguinte levantou-se; estava desanimado. Sua mente boiava entre o medo e o desejo. Ainda deu uma olhada para o quintal. O que viu: nada mais do que abóboras.
Os opositores, que já não eram poucos, aumentaram quando pegou a enxada. Entre eles estava a incerteza do novo; a preguiça diante trabalho árduo que o esperava.
Ousou arriscar. Meteu as caras. Desde o meio da tarefa, ainda figurava o medo fantasmagórico de não ter nem mais abóboras pra comer. Assim mesmo rasgou a terra. Corajosamente. Noutro dia foi plantar as sementes que conseguiu. Dormiu o sono dos justos. O sono da missão cumprida. Sonhou com os tomates. Sonho quase que real.
Pulou da cama. Correu para o quintal. Ficou surpreso. Não viu tomates. As sementes precisavam de tempo para germinar, florescerem e frutificarem em tomates verdes que depois ficariam vermelhinhos... Elas (as sementes) sabiam disso; sabiam fazer tudo isso: crescer e produzir tomates. Apenas precisariam de tempo. O tempo dos tomateiros.
Ele ainda se deitou e levantou muitas vezes.
E num belo dia, correu até o quintal. O sol ainda estava nascendo; o orvalho pesava os cachos. Os tomates estavam maduros; no tempo próprio dos tomates. E ele comeu o primeiro. E ele pode comer o quanto quisesse. E ele mais que isso, descobriu que enquanto não mudasse o aboboral, nunca comeria tomates do seu quintal".
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